A expressão oral no Novo Programa de Português


Na Parte I – 2. Fundamentos e conceitos – chave - é nos apresentada a expressão oral, a par com a compreensão oral, como uma competência específica implicada nas actividades linguísticas que se processam no modo oral e esta é nos definida como a capacidade para produzir sequências fónicas dotadas de significado e conformes à gramática da língua. Esta competência implica a mobilização de saberes linguísticos e sociais e pressupõe uma atitude cooperativa na interacção comunicativa, bem como o conhecimento dos papéis desempenhados pelos falantes em cada tipo de situação.

No 1º ciclo, as expectativas pedagógicas relativamente aos alunos do primeiro e segundo anos, são, entre outras, o narrar situações vividas e imaginadas e para os alunos do 3º e 4ºanos planificar e apresentar exposições breves sobre temas variados e produzir breves discursos orais em português padrão com vocabulário e estruturas gramaticais adequados.
Neste âmbito, é sugerido ao professor que recorra a textos orais gravados para a aprendizagem de comportamentos sociais e linguísticos adequados aos diferentes contextos e situações de comunicação       ( entrevistas, debates…) e que evolua progressivamente para situações mais complexas.

No 2º ciclo estabilizam-se e consolidam-se as aprendizagens realizadas no 1ºciclo, que garantam a adequação de comportamentos verbais e não verbais em situações de comunicação informais e com algum grau de formalização/complexidade,  esperando-se que o aluno produza discursos orais coerentes em português padrão, com vocabulário adequado e estruturas gramaticais de alguma complexidade.  O português oral, na sala de aula, deverá ser sempre entendido não só como língua de trabalho, mas como um domínio rigorosamente programado de conteúdos. Sugere-se que o professor recorra a discursos orais através da utilização de recursos variados, designadamente das TIC.

No 3º ciclo, a compreensão e expressão oral surgem juntas e é indicado  que seja proporcionado aos alunos oportunidades de utilização da linguagem oral em projectos cada vez mais alargados e exigentes. Pretende-se que os alunos alarguem o seu reportório linguístico e reforcem a compreensão dos mecanismos e estratégias de produção oral, desenvolvendo assim uma maior confiança e autonomia enquanto falantes para produzir discursos orais correctos em português padrão, usando vocabulário e estruturas gramaticais diversificados e recorrendo a mecanismos de organização e de coesão discursiva.
É importante que os alunos aprofundem a consciência da acção realizada através da fala, que implica o conhecimento das especificidades do oral e das convenções que regulam esta modalidade de comunicação, em termos linguístico - discursivos, retóricos e contextuais.

Actividades a desenvolver para optimizar a expressão oral
Para o eficaz desenvolvimento ( progressão) da competência da expressão oral o professor deverá  ter sempre presente que ensinar a língua oral não significa apenas trabalhar a capacidade de falar geral, mas sobretudo desenvolver o domínio dos géneros que apoiam a aprendizagem escolar do português e de outras áreas disciplinares e também os géneros públicos no sentido mais amplo do termo. Para ambas as situações, serão de privilegiar diferentes actividades como  exposição, entrevista, debate, teatro, palestra, etc..
Para que os alunos atinjam os desempenhos descritos para esta competência, é necessário criar oportunidades/ experiências de aprendizagem variadas, p. ex.:

ü  Construção de um contexto de aprendizagem cooperativo que ajude o aluno a tornar-se confiante e competente no uso da linguagem falada;
ü  Escuta guiada de documentos orais de diferentes tipos, representativos de situações de interlocução autênticas e apresentando usos diversificados da língua, quer em português padrão quer noutras variedades;
ü  Exercícios de comparação entre diferentes formas de utilizar a língua oral em contexto, confrontando os recursos verbais e não verbais utilizados e os efeitos produzidos;
ü  Envolvimento em actividades diversificadas de comunicação oral, que permitam ao aluno desempenhar vários papéis, quer em termos do treino da escuta, quer no campo da expressão oral;
ü  Participação em actividades orientadas para o aprofundamento da confiança e da fluência na expressão oral formal: debate, relato, síntese, exposição oral, dramatização, etc;
ü  Avaliação dos graus de correcção e de adequação nos seus desempenhos
e nos dos colegas.

Conclusão:
O 2ºciclo consubstancia-se num momento de transição do 1º CEB, com a consolidação das competências desenvolvidas nesta valência de ensino, para o 3º Ciclo, em que o grau de alargamento e aprofundamento se torna gradualmente mais exigente.